29 de março de 2023

[VIAGENS] onde o tempo tem tempo de tempo ser

Senta que vem textão!

Minha quinta viagem para a capital Paraense se deu, e foi meio sem querer, no susto. A filha de um amigo meu está morando em Belém, e ele foi visitá-la, me chamou pra ir e eu aceitei. Junto conosco foi nossa amiga querida Carol, que nunca havia estado lá, e foi a oportunidade de ouro para conhecermos ainda mais lugares. A viagem programada para 4 dias se estendeu para 10 e fomos tbm a Soure, capital do Marajó, conhecer os famosos búfalos e os cenários infinitos da ilha. O Marajó é deslumbrante e é um capítulo a parte dessa viagem. Fica pra falar por último.

Novamente fiquei na Av. Comandante Brás de Aguiar, no mesmo Hotel de sempre, o Belém Soft. Já me sinto nativo quando chego lá. Um sentimento de 'tô em casa' gostoso, vai entender. Chegamos 2h da madrugada, vôo noturno, val-de-cans x soft hotel, pra descansar e bater perna no dia seguinte.

Praça Batista Campos, Praça da República, passeio guiado no Teatro da Paz, centro, Ver-o-peso, catedral, Feliz Luzitânia, e almoço nas Docas. Belémtur completo! faltou só a Basílica de Nazaré, que fomos no dia seguinte, compramos fitinhas, terços e pronto, estávamos livres para o que importa, comer. rs

Basílica N.Sra. de Nazaré - Belém PA

A lista era grande, mas fomos devagar, senão a grana não ia bastar. Muito caranguejo, muito filhote, algum açaí, farinha d'água, jambu, tucupi e Turu. Carol adorou a comida paraense e como temos os gostos gastronômicos parecidos, não prestou.. o estrago só não foi maior porque estávamos com tempo, e com tempo a gente sempre diz "depois a gente come isso".

A noite fomos parar no "Cosanostra" claro!!! e no Rubão, quando voltamos do Marajó, numa grande reunião de despedida com meus amigos da cidade morena. 

Aquela Belém de 16 anos atrás está bem diferente. A sensação de insegurança que eu tinha diminuiu.. tá tudo mais moderno, mais lojas, mais restaurantes, mais cara de cidade internacional.. e em março lá é inverno, o clima é bem agradável, calor, chuva, temperatura média, calor, chuva, calor, chuva... assim. nessa ordem. A noite fazia até um friozinho.. :)   

Mas uma coisa interessante me passou pela cabeça que nas outras vezes não passou: "eu moraria em Belém". Talvez motivado por estar vivendo há 1 ano no interior de Minas, onde não tem nada de fato para fazer, uma cidade cosmopolita como Belém encheu meus olhos.. ela é grande, tem de tudo, e ao mesmo tempo me dá um ar de 'estou em casa' e 'tudo perto'. Vai saber o que Belém foi ou será na minha vida, né mesmo? deixa quieto.

Chegou o final de semana, e como combinado previamente no roteiro, sábado Ilha do Combu, domingo Ilha do Mosqueiro. O Combu é um capítulo a parte no livro da minha vida. É AC/DC, antes do Combu, depois do Combu. Foi lá que deixei meu coração! É lá que ele ainda está pelo visto. Mas essa história está bem batida em várias outras postagens aqui no blog, então vou apenas dizer que o Combu cresceu e agora não é mais aquela ilhota desconhecida, onde os ribeirinhos viviam suas vidas pacatas, colhendo açaí e deixando o tempo passar. Belém descobriu o Combu, os turistas descobriram o Combu. Tem até um terminal hidroviário onde antes era apenas uma praça meio perigosa. Existem centenas de restaurantes em toda a orla da ilha, e nos seus furos, e até pousadas. O vai-e-vem de barcos motorizados nos finais de semana deve ter mandado pra mais distante quem queria conviver com o silêncio da ilha. Mas é assim mesmo. Tudo muda o tempo todo, e isso não é bom nem é mau. O chocolate da dona Nena continua lá, assim como o Saldosa Maloca da Paciência, a Samaumeira gigante e milhares de pés de açaí e cacau. A escola onde Alana lecionava ainda está lá, não fui, não quis ver, não estava preparado para esse encontro. Suas crianças, passados 16 anos, já são adultos, muitos talvez nem morem mais na ilha, muitos nem se lembrem mais da infância e da professora que ia de 'casco' buscar em casa quando um faltava. O passado ficou na cabeça de alguns, como quando perguntei sobre Alana pra moça da loja de chocolate e ela respondeu meio espantada e emocionada "era uma pessoa tão boa". Sabemos disso! sabemos..

Furo do Combu, Ilha do Combu, Belém PA

Filha do Combu - Casa de Chocolate artesanal do Combu


No dia seguinte fomos pra ilha bucólica. Claro que com aquela parada mística em Marituba. Não tem explicação então melhor não explicar. 

Mosqueiro tbm cresceu, mas continua igualzinha como era na minha cabeça. Fomos p outro lado da ilha, praia do Paraíso. Uma delícia ficar boiando no 'mar doce' algumas horas.. farei isso novamente qualquer dia desses. O resto, o de sempre, Hotel do Farol, Tapioqueria. Faltou só o tacacá na barraquinha, mas a pança já estava cheia de camarão, tapioca e cerveja.

Agora vamos falar de Soure

Confesso que a minha ida a Soure só aconteceu por estar em companhia da Carol. Sem ela, teria ficado meus dias em Belém satisfeito.

Mas ainda bem que ela estava. Porque Soure é indescritível. Mas vamos do início, chegar. Fomos no expresso golfinho, que é a forma mais rápida de chegar lá. 2h e tanto de travessia, ou seria de rally? a baía de Marajó não é pra qualquer um, e fomos com o tempo bom, não imagino aquela viagem com o tempo ruim. O barco estilo catamarã pula mais que cavalo bravo de festa do peão! quem sente enjôo vai passar maus bocados. Não é o meu caso, nem foi o de Carol, ainda bem.

Chegamos pela manhã em Soure, a capital do Marajó, bem em frente de outra cidade, Salvaterra. A princípio parece que estamos chegando numa cidadezinha bem de interior (mesmo que costeira), onde não se vê muitos traços da civilização. Sim, Soure é pequeno, é pacato, é vida de interior. Mas o povo lá não é bobo e sabe valorizar o que tem. Nada lá é barato, desde o "taxi/uber" que te leva a pousada, até os passeios turísticos, lojas de artesanato, comida e tudo mais. E sim, tem búfalo por todo canto da ilha.

Ficamos numa pousada que era um pouco afastada do centrinho, um sítio, bem interessante, com muitos animais e um quarto limpinho, bem ok. De cara fomos andando pra praia da Barra Velha, que fica 800m andando desde a pousada. 

Praia da Barra Velha. Que lugar lindo! não tem como descrever sem olhar fotos. É gigante! É exuberante! como é praticamente tudo no Marajó. Caminhamos, fotografamos, comemos caranguejo, caldo de turu, e curtimos um solzão e a vida sem relógios, internets, redes sociais e tudo que nos prende a cidade. No dia seguinte combinamos um passeio guiado, com o filho da senhora da pousada, Glenilson, nosso guia, nos cobrou R$200 cada um, para um passeio de mais de 8h.

Mas antes de começar no passeio, não tem como deixar passar o café da manhã da pousada, tudo fresquinho, queijo de Búfala, frutas frescas, suco de cupuaçu, coalhada de búfala, pães artesanais, café com leite de búfala, manteiga de búfala, enfim.. de comer rezando!

Voltando ao passeio. 9h saimos. Dobló com ar.. kkkkk Fizemos o roteiro Cajú-una, Praia do Céu, passando por dentro da Fazenda Bom Jesus (que é particular, mas tem a estrada mantida pela prefeitura). A maior fazenda que vi na minha vida, com cenários gigantes de alagados, repletos de fauna de todo o tipo. Cavalos, Búfalos, aves de todos os tipos, jacarés, macacos, cobras e sei lá mais o que. É lindo! É grandioso! é inesquecível.. chegamos na comunidade de Cajú-una, uma graça o lugar, casinhas de madeira todas coloridas, sobre palafitas, parece um lugar de brinquedo.. o carro parou, caminhamos um pequeno trecho e em minutos estávamos na praia do Cajú-una.. mergulhos, fotos, encantamento! Nesse momento entramos no barco que nos levou num passeio de umas 2h entre os igarapés do local. Barulho do motor, olhos que não sabiam se olhavam pra direita pra esquerda, pra frente, pros lados.. natureza! repleta de animais e plantas locais. cheiro de verde, cheiro de aventura, cheiro de amazônia. Entendo o encanto de quem vem da cidade cinza e entra no meio do mato dessa forma! é libertador. Fez sol, choveu, parou de chover e depois choveu novamente. E depois abriu novamente o sol. Claro que ali, não é floresta fechada, e é local onde humanos circulam com frequencia, então os animais não estão a vista e expostos como gostaríamos, mas dá pra se ter uma prévia de como deve ser entrando um pouco mais! É um passeio obrigatório.. não vá a Soure e deixe isso passar. Voltamos pra comunidade do Céu, e almoçamos num restaurante na praia do Céu. Não preciso nem falar pois o nome já fala por mim. É infinito! O passeio continuou pela fazenda e a praia do Pesqueiro resolvemos que ficaria para o dia seguinte, pois já estava no meio da tarde e vinha chuva pesada. Paramos ainda no "Piscinão", um lago enorme formado por água de chuva azulzinha e cristalina. Banho, fotos.. Nesse caminho de volta passamos tbm por uma área onde os macacos ficam, não na beira da estrada, mas numas árvores grandes que se vê da rua, e que se ouve alto a 'falação' deles.. pelo que disse o guia, são macacos tipo bugios, infelizmente não deu para vê-los de perto!

No dia seguinte então voltamos pra conhecer a praia do Pesqueiro e foi lá que conhecemos também o "brinquedo", o Búfalo star do Marajó! Claro que Carol quis montar, e nadar, e tirar foto, e dar comida, e tudo mais que podia e não podia com o bicho! Acompanhei de longe porque todos sabem da minha pouca alegria em contatos físicos com animais. Mas tem um álbum de fotos de Carol e Brinquedo. A praia é gigantesca, como todas da região, mas essa, com uma peculiaridade, tem muitas arraias na beira, logo, preferimos não cair. Melhor não estragar o passeio.. comemos, bebemos, tiramos foto, andamos pela areia e depois fomos embora. Algumas comprinhas de artesanatos marajoaras e bye bye. Tomamos umas cervejinhas no point da cidade e fomos caminhando para a pousada. No caminho, já anoitecendo, muitos sapos franceses "oui oui"..  É a vida pacata do Marajó! Venham conhecer, é uma experiência incrível!


Praia do Pesqueiro - Soure, Marajó PA

Praia do Pesqueiro - Soure, Marajó PA

Praia do Pesqueiro - Soure, Marajó PA

Praia do Céu - Soure, Marajó PA

Pousada Maruanases - Soure, Marajó PA

Comunidade Cajú-Una - Soure, Marajó PA

Piscinão de água de chuva

Fazenda Bom Jesus - Soure, Marajó PA

Nosso guia e nosso barqueiro

Igarapés do Cajú-Una

Praia do Cajú-Una maré cheia e baixa

Praia da Barra Velha - Soure, Marajó PA

Nota importante:
Minha companheira de viagem, muitas vezes confundida como esposa, namorada e sei lá mais o que, é uma ótima companhia de viagem! Aprovada no guia Marcos Senna com 5 estrelas! animada, se enturma fácil, é ótima em ir perguntar quando já não estamos mais a fim de contato humano..rs Topa todas as maluquices e propõe umas novas! Ótima fotógrafa, embora gaste horas colocando filtros.. Boa de cana. Fuma fora do quarto, e nem ronca muito. (ironic mode on) 








Um comentário:

CabecaVazia disse...

Grds aventuras, Cumpadi! Chou!