1 de fevereiro de 2018

[TEXTO] nasceu de novo

"Vão-se os anéis, ficam os dedos."
No meu caso, nem tinha anel. O que tinha era uma cadeira de madeira que quase amputou meu dedo.
Caí dela, claro, gordo cai fácil, já dizia meu filho na sua sabedoria infantil. Mas qual a culpa da cadeira? Nenhuma. A culpa é de quem a projetou, ou de quem a comprou, ou de quem nela sentou. ( x ) Todas as alternativas são verdadeiras.
Mas passada a dor do decepamento, uma rápida análise, quase fria, me fez pensar, em alguns segundos, que de todos esse mal era o menor. A falange distal do dedo anelar da mão esquerda (acidente também é cultura) não seria uma perda tão significativa, então me acalmei, e acalmei os que me rodeavam, pois pareciam estar mais preocupados que eu, e as opções eram perder ou recuperar.. fui atrás da segunda.
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1 dia e meio no Hospital público, é, eu sei, mas não tenho plano de saúde, fazer o que.. mas ao contrário do que muitos possam pensar, fui muito bem atendido em todos os momentos, por pessoas que trabalham simplesmente para salvar os outros. É incrível como é fácil ver a vocação dessa gente quando estão cuidando da gente. Trabalho feito com amor. E é tão bom poder ter alguém que cuide de nós nos momentos de fraqueza, mesmo contra todas as adversidades. Nos faz refletir 1 milhão de vezes sobre a raça humana e por onde ela tem se metido com tanto ódio e arrogância.
O dedo sobreviveu. 2 semanas depois ainda tenho um pino atravessando ele por dentro, mas já tirei os pontos. Não tenho mais um braço de gesso, mas tenho uma tala apenas nos dedos gêmeos. Mais 20 dias até a próxima visita ao hospital.
O que vai acontecer eu não sei, sei que não vai rolar bloquinhos de carnaval no Rio, nem banhos de mar em Itaipu, o consumo de cerveja será bem restrito, mas já estou feliz pelo meu dedo.. Foi um aviso, nada de alianças, combinado? Combinado.

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